quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Complexidade # 28


Sinto em meu coração um incômodo, não sei o quê.
Não sei de que se trata.

Na verdade, nem sei se se trata de alguma coisa. Essa foi só a primeira coisa que quis dizer, foi só me veio à cabeça quando decidi começar este texto.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quero.


Quero alguém para esfregar as minhas costas no meu banho.
Assim, bem simples.
Quero uma companhia que possa abraçar com carinho
Sentindo a água escorrer pelo corpo e atrapalhar o beijo...
Rir de qualquer bobagem,
Fazer alguma companhia de que eu preciso agora.
Alguém que esteja comigo também por me querer,
Alguém que eu queira,
Que não esteja apenas a mercê da minha carência, das minhas afetações de sempre...
Alguém que, de alguma forma, compreenda as minhas afetações
E me ofereça colo e abraço quando elas aparecerem
E que não deixe eu me sentir sozinho em nenhuma hora
Por olhar cá no fundo e saber que tenho medo de ser só.
Quero muito alguém aqui, comigo.
Quero alguém pra esfregar as minhas costas no meu banho,
E me ajudar a fazer todas as outras coisas que não consigo fazer sozinho.

...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Óleo quente

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Heaven is under our feet as well as ovre our heads - Spencer Finnley

Dá vontade de pegar assim na tua mão estendida
Sentir pulsar essa coisa toda aqui dentro
Te lançar outra vez o olhar fundo com que te olhei agora há pouco
E te dizer que tá tudo sacudindo de novo,
Te falar que tô fora de mim,
Meio perdido sobre todas as reações,
Meio calado,
Muito cansado,
Juntando isso tudo com a “dor e a delícia” de te ter por perto a toda hora.
A tua presença inquieta e vicia.
Talvez eu já até estivesse meio livre das coisas...
Mas minha cabeça viagem constrói tudo de novo,
Outra vez vendo as coisas que quis ver.
Outra vez as lágrimas caindo no rosto junto com a água do chuveiro,
Outra vez o palito pegando fogo na panela de óleo quente...
(Mãe ensinou...)
Tudo de novo.
De novo eu sinto,
De novo mexe.
Tá de novo aqui.
(Anulação completa de qualquer das preocupações
Para dar toda atenção ao teu menor sorriso triste.)
Quase tudo...
Madrugada, mochila, casaco vermelho...
E a falta de um beijo atrás da porta...
Fantasiei de novo, não sei mais nada.
Tá aqui outra vez.

05/11/2009

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Complexidade # 27

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As tuas asas nas minhas mãos - Paulo César

Estou com alguma sensação de liberdade. Não sei se é bom, isso é o pior. Parece que andei surtando tanto, tão a mil por hora, que agora, em que pareço ter um pouco mais de ar, o ar me intoxica, me deixa em alguma embriaguez estranha... fico inerte a todas as coisas, sigo minha rotina como se ela tivesse uma rota própria, em que não penso, simplesmente faço sem dar sentido a qualquer coisa que esteja acontecendo.


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Outra vezes

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Ligth in the hand - Italo Lemos Silva

Caíram as luzes.
Não consigo mais enxergar muita coisa
E apenas a sensibilidade desesperada
Tenta tatear alguma coisa
A que eu possa me apegar pra me guiar.
Sou sensível quando estou perdido [e acho que só assim].
Sou inseguro,
Sou criança, tenho medo,
Sem nenhuma certeza sobre o meus próprio mundo.
Audaz ou apenas pretencioso,
Querendo que por vezes alguém me diga as minhas verdades,
Para que eu decida aceitá-las,
Entendê-las,
Entender-me
Sem ser sempre preciso entrar em mim mesmo,
Mesmo que eu sempre acabe entrando em mim mesmo,
Ao menos para elaborar as coisas que eu nunca elaboro.
Dicotomicamente.
Como todas as coisas no meu eu feliz e complexo.
Já não sei se gosto de mim, do que sou,
Mesmo que o que eu faça me pareça sempre bom:
Prazeres que cultivo sem me cultivar?
Preciso me dar conta das coisas,
Com preguiça de racionalizar demais e me perder.
Caíram as luzes, fico confuso...
E apesar das coisas todas,
Sinto que ainda não quero acender as luzes da minha própria razão.
Tenho medo de ser claro demais e me ofuscar, me cegar,
E passar o resto dos dias com ainda mais medo de estar
(Logo agora em que me pergunto se um dia conseguirei ser com alguém)...

16/09/2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Antropocêntrico

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Da série de contos "Diários em terceira pessoa"
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. Nenhum deles é fictício.

Homem Vitruviano - Leonardo Da Vinci (Reprodução)

- Posso te ver?

Ele parecia carinhoso ao telefone, mas do outro lado da linha, Tiago duvidava se deveria dar crédito àquele telefonema, àquele terceiro contato.

Se conheceram numa boate.
Se beijaram sem saber nomes. E pelo ritmo do beijo, não teriam se incomodado com isso por algum tempo – como não se incomodaram, de fato.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Complexidade # 26

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Leite - Barbara V. Murakawa

Preciso tomar o meu leite. Está estragando na geladeira.
Preciso tomar um rumo para as coisas que ando fazendo, que ando querendo, que ando buscando, que ando expondo, que ando entendendo e não entendendo. Mais uma vez, estou confuso.


terça-feira, 27 de julho de 2010

Complexidade # 25 - Despedida da Fritações

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Lar - Murilo Araújo

Não pensei que fosse ser tão difícil sair daqui de casa. Ao leitor desavisado, a casa que acolheu a república “Fritações” foi vendida, e agora estou partindo para morar em uma casa que é estranha por ser amarela por dentro, e que fica em frente a um paredão, atrás de uma academia e numa rua sem saída.

Mas o que me deixa triste em sair nem é tanto a casa nova, para onde vou, mas a casa que deixo agora. Mesmo sabendo que eu não poderia morar aqui para sempre, é meio doída a sensação de deixar para trás um ano e meio de muitas histórias, da fase mais importante, emocionante, reveladora, conturbada e feliz da minha vida, até hoje.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dois giros, um só.

Da série de contos "Diários em terceira pessoa"
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. Nenhum deles é fictício.


Chave - Murilo Araújo

“Quando me chamou, eu vim...
Quando dei por mim, tava aqui...”

- Indo para lá?
- Sim, você também?
- Sim. Posso lhe fazer companhia? É perigoso andar sozinho na rua a essa hora.
- Contanto que a sua companhia não seja perigosa a essa hora, por mim, tudo bem...
Teve um riso leve em resposta: instigante, curioso, provocador e oportuno.


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Complexidade # 24

É o teu corpo em sombra esta saudade... - Sónia Cristina Carvalho

Ainda não sei como te contar que as coisas tiveram que se adiar. Eu mesmo não sei como me conformar com a ideia de mais uma espera (mesmo que curta, diante de todo o resto), ainda mais quando me aperta tanto aqui dentro a vontade de te ouvir dizer os teus conflitos, tão meus...


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Complexidade # 23

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Um náufrago sentimental - Luís Silva

Tenho estranhado meus últimos sentimentalismos. Acho que a mistura recorrente de ocupações e falta de tempo para as pessoas tem me feito desejar mais do que nunca um pouco de cuidado, carinho, companhia...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Complexidade # 22

Ensaio "Desapego" - Daniel Aratangy

Não consigo compreender as normas éticas (ou a falta delas), os sinais.
Não consigo perceber se há sinais.

Me descobri inseguro. Tive certeza, na prática, na carne, na verdade. Raciocinei enquanto beijava. Racionalizei depois do beijo. Descobri que meu “id” não funciona. Não sei como lidar com isso. Por vezes quero ir, inconsequente, poder “fazer alguma coisa”, tornar as coisas divertidas, preocupar-me com a castidade renovada dos meus momentos nada castos. Quero saber olhar no fundo, falar no corpo como quem convoca, sem segundas opções, quero trazer pro meu espaço, e fazer-fazer o que eu quiser fazer. Por outras, gosto de não fazer, gosto mesmo de que o "id" não funcione, de que o ímpeto não funcione, não sei se quero fazer funcionar.

Não tenho atitude, não sei jogar.
Não quero que seja um jogo.

domingo, 2 de maio de 2010

Complexidade # 19

Palhaço Branco - Zé Diogo (DDiArte)

Tenho amadurecido.
Não sei bem o porquê de eu querer dizer isso agora, mas sinto que sinto isso.

Aos poucos, me descubro numa constante descoberta de mim, sobre as coisas que pareço querer, sobre as coisas que quero, sobre as que eu não quero. Meus rituais de passagem seguem passando, e deixando para trás – em mim – suas constantes teias carregadas de significados que me traduzem aos poucos, ora para que eu as entenda, ora para que eu multiplique as minhas crises.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Complexidade # 21

s/t - Gonçalo Souza
Tá, parei.
Não, não parei. Tô fritando ainda. E bem queria que parar fosse simples, assim, simples.

Bem queria não ter que repetir as palavras dos textos antigos. Esperava ter superado as infantilidades que reconheci noutro tempo, e por isso externei. Mas não tá funcionando bem assim. Palavras antigas, “tá tudo aqui de novo” – e mesmo estas já são palavras antigas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Bem vindos a 2020 - Complexidade # 173

Antes de qualquer coisa, uma justificativa: esse texto é fruto das vivências sagradas ao lado da juventude, do grupo de jovens, da minha pastoral. Dinâmica puxada no encontro de ontem, lá num 2010 que do nada virou 2020. Inventaram isso para puxar algumas discussões interessantes, sobre a Semana da Cidadania deste ano (e não sei mais qual ano é qual...). E como é de costume, extrapolei as fritações. Haha..





De repente, estou em 2020. Muito de repente, passaram dez anos...

Comassimbrasil? A crise dos 30 me parece muito mais desesperadora do que a dos 20 que me ataca agora... haha..

São milhões de perguntas: o que faço da vida, onde trabalho? Fiz outra graduação mesmo? Fiz o mestrado que eu quis, o doutorado, conheci a França? Casei, tenho filhos?
 

domingo, 14 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Complexidade # 17


Às vezes só escrevo em momentos depressivos, mas hoje me deu vontade de dizer que estou bem. Não sei bem por que, e apesar de todas as últimas confusões.

Aos poucos sinto as coisas fluírem com naturalidade, cada vez mais uso a palavra “processual”, e reconheço que muita coisa é assim, precisa ser... Aos poucos, internalizo isso de tal maneira que agora me bate alguma coisa parecida com conformismo, só que sem inércia – e bom. Sinto que é bom, sei que é. Ando reconhecendo os meus próprios processos, me vendo nos alheios, e entendendo que as coisas atingem equilíbrios muito mais facilmente do que eu imaginava.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Desabafo # 3



Vontade de dar um grito. É clichê, mas é isso.

Tô precisando desintoxicar de novo, e me assusta pensar que vou ficar desse jeito por muito tempo, me sentindo sufocado aqui, com a angústia morando dentro de casa, como que personificada, remexida e fervendo a cada mínima palavra sutil.

Eu e minhas divagações...
De fato, gostaria de divagar um pouco menos.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Complexidade # 16


Há um lado bom em saber que outras pessoas moraram nas suas antigas bagunças, hoje a minha bagunça – meu quarto. Salve a Fritações (agora numa versão sem plaquinha pintada em madrugada fritante)! Mas não é sobre isso que preciso falar.

É sobre uma herança. Presente deixado a lápis num dos lados do meu guarda-roupa, por um desses antigos moradores, já não sei quem...

“STOP! O Mundo parou? Ou meu umbigo está sujo?”


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Complexidade sem tempo. Desabafo sem número.



Não sei se vou conseguir dormir. Ainda estou tentando entender todas as coisas que aconteceram desde que te vi do outro lado da rua e descobri que foi um grande engano pensar que eu tinha te esquecido.

Todas as palavras martelam na minha cabeça ainda, e tento inutilmente processar as informações e entender como seu deu o rumo das coisas. Já não sei o que eu devo sentir agora: se devo ficar feliz, se devo continuar assustado, não sei se você deveria a essa altura ter me contado tudo... não sei se devo ter ainda mais paciência ou simplesmente me arrepender de ter te achado aqui dentro na hora errada.