domingo, 28 de julho de 2013

complexidade #44


Acho que as coisas andam complicadas.

Tem sido difícil lidar com essas milhões de dúvidas que volta e meia me invadem a cabeça, especialmente nesses momentos delicados da vida, em que tudo é muito desconhecido, provisório, efêmero, imprevisível...

Tem sido difícil. Fico confuso com o meu excesso de afetações, dividido entre a necessidade de me colocar no meu lugar, no meu rumo, e a vontade que dá às vezes, de tocar o foda-se pra tudo – afinal de contas, não sou exatamente um especialista em controlar os sentimentos.

domingo, 12 de maio de 2013

o sono de depois

Da série de contos Diários em terceira pessoa.
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.


As pernas tremiam como quase toda vez. Ainda era capaz de sentir-se dentro do outro, enquanto latejavam as últimas contrações quentes que o prazer proporcionava. A respiração ia se ajustando aos pouquinhos, perpassadas por aqueles risos cúmplices que os dois trocavam entre si, como sinal da compreensão mútua de que, mais uma vez, havia sido muito bom.

- Quer que eu tire?
- Aham... é melhor.

sábado, 9 de março de 2013

ameno

Da série de contos Diários em terceira pessoa.
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.

cama e calças - manu loureiro

Passaram a semana esperando o dia em que iriam se ver.

Semana preguiçosa, de chuva fria, às vezes forte, de trovejar. Mas que deixasse chover. Só conseguiam pensar em como seria bom o dia que estava para chegar, em que poderiam não ter medo da chuva forte, e até sentir o gosto dela partilhando o sono. Desejavam a chuva, para deixar o dia mais bonito pra estarem os dois, um dia em que o frio solitário não teria lugar, em que a preguiça não seria nem de longe o principal motivo para querer ficar na cama...

Passaram a semana esperando o dia de se ver.

E quando chegou, como que por pirraça, o sol abriu. Inundou o tempo, mas não daquela luz bonita que podia inspirar. Inundou o dia de um calor irritante que até sufocava. Lamentaram por horas, resmungaram incansavelmente, vocifereram contra deus e todos os santos pela quase completa frustração dos planos para aquele único dia em que o tempo resolvera não escurecer - para que eles pudessem clarear e colorir.

"Sol, logo hoje?"

Mas ainda assim, passaram o dia esperando a hora de se ver.
E quando chegou, chegou com a noite, com o tempo abafado...

Só que aí já não fazia tanta diferença. Se viram, se olharam, sorriram...

E numa série de gestos cúmplices, sem trocar muitas palavras por entre os olhares, tiraram as roupas, abriram janelas para circular o ar. Ligaram ventiladores a toda potência disponível, perto dos corpos tanto quanto possível...

E sem pesar nenhum esforço, fizeram fazer frio na noite acalorada...
Só pra matar o desejo desmedido de poder se aquecer.

Um ao outro, um no outro.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

haicai # 13


Te encontrei, ri feliz pelo resto do meu dia.
E agora acho que já tenho razão bastante
Pra concluir qualquer coisa a respeito de... nós.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Complexidade # 43


Nada como alguma poesia triste para inaugurar um caderno e um lápis.
10/01/2013, 04:05hs (sou meio apegado a datas, ocasiões...).

***

Tenho estado melancólico ultimamente.
E, de certo modo, ter uma espécie de consciência quase plena dessa melancolia tem me deixado melancólico ainda mais. Os sentimentos costumam ser melhores (ou menos piores) quando a gente só os sente, não os sabe, não os entende.