domingo, 28 de julho de 2013

complexidade #44


Acho que as coisas andam complicadas.

Tem sido difícil lidar com essas milhões de dúvidas que volta e meia me invadem a cabeça, especialmente nesses momentos delicados da vida, em que tudo é muito desconhecido, provisório, efêmero, imprevisível...

Tem sido difícil. Fico confuso com o meu excesso de afetações, dividido entre a necessidade de me colocar no meu lugar, no meu rumo, e a vontade que dá às vezes, de tocar o foda-se pra tudo – afinal de contas, não sou exatamente um especialista em controlar os sentimentos.


É curioso que eu me sinta girando sempre em torno dos mesmos problemas, como se, no meio de tanta história vivida, meu jeito de gostar, de sentir, de me envolver não tivesse amadurecido nada de verdade... É sempre aquele mesmo circuito de carências (acho que já me cansei de escrever sobre elas), que começam a se dissipar naqueles vínculos cheios de beleza e carinho, mas ligeiros demais pra que façam algum sentido... Daí, se desdobram uma série de afetações adolescentes e um encantamento piegas, até um ponto da história em que as coisas se “resolvam”, ou num relacionamento qualquer, frágil e imaturo, ou numa decepção desnecessária – que (depois você de dá conta) só se revela desnecessária porque surgiu da frustração de expectativas que eram também desnecessárias: aqueles sinais que você nem sabia se eram sinais (outra coisa que sempre está penetrando nos meus desabafos...).

Meu coração parece um grande menino irresponsável. É moleque impetuoso, cheio de fome, que se atrapalha muito facilmente na sua ânsia por me fazer feliz, por me fazer amar. E por mais que tropece, caia e machuque, é agitado o suficiente pra esquecer os curativos que ainda estiverem ali, e se lançar do mesmo jeito na próxima queda, no próximo querer – sem me pedir autorização, nunca pede.

E me puxa com ele pra esses abismos de sorrisos e dores de cabeça, sabores e angústia...

Me lança para amores não realizáveis, ou realizáveis demais, todos fora da sua hora. Me lança para amores efêmeros como se fossem eternos, e nem sempre me deixa perceber a potência de eternidade naqueles que acabam durando tão pouco...

Me joga sem pensar na saudade de um passado que nunca houve, numa nostalgia sonhadora que às vezes chega a doer, sussurrando para mim sobre como foram bons aqueles momentos que eu nunca tive, e enchendo os ares de uma paixão que não voltará, porque nunca foi vivida...

Me atira bruscamente na escuridão dos sorrisos que ainda não foram abertos (e que talvez nunca serão), baseado apenas na suposição deslumbrada de que em algum momento eles se mostrarão, e brilharão, e serão doces...

Meu coração, menino irresponsável, quase sem querer me lança sempre – ai de mim... – para os afetos que afetam mais...

E eu sigo, intenso, entre os conflitos e crises que sempre me tomam, com a minha constante necessidade de entender alguma coisa mínima que seja, pra imaginar o que fazer, ou como reagir àquelas presenças que sempre me deixam meio bambo, sem reação... pra tentar diminuir o desespero de perder o rumo e nunca saber bem por onde caminhar, nestas trilhas que já andam muito confusas ultimamente.

Confusas, difíceis, porque meu coração carece.

Carece, quase desesperado, por algo que seja novo no caminho... porque por mais que passem o tempo e as histórias, parece estar tudo do mesmo jeito – frustrado – de sempre... e por mais que sinta que deva, ele não se conforma, nunca.

E aí carece. E busca.
E corre, impetuoso, sem me pedir licença – nunca pede.
Neste caso, peço eu, coração: que na ânsia de encontrar qualquer amor que esteja fora, tome ao menos o cuidado de não tropeçar aqui mesmo... em quem ainda te carrega.

2 comentários:

  1. Em uma busca pelo google me deparei com o seu blog, resolvi clicar por simples curiosidade e quando cheguei aqui percebi que sua última publicação foi em Julho de 2013.
    Você fala dos sentimentos que são corriqueiros na vida das pessoas, e consegue verbalizar isto de forma muito clara e bonita.
    Por favor, continue a escrever.

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    1. Olá, você...
      Engraçado pensar que as pessoas ainda esbarram com o blog aqui, que anda (de fato) tão abandonado...

      Fico feliz que você tenha gostado do que encontrou, e acredite, a constatação de que não publico nada já há tanto tempo é triste pra mim também, porque a escrita é um exercício sempre maravilhoso. O problema é que a vida tem sido maluca e corrida, e tem me faltado muito tempo pra me dedicar tanto quando eu gostaria a esse recanto de complexidades...

      Enfim... prometo que me esforçarei mais um pouquinho, e assim que puder volto a publicar por aqui. Obrigado pela visita, e espero que volte (com mais coisas pra ler e aproveitar)!

      Grande abraço!

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