terça-feira, 13 de novembro de 2012

Proximidades...

Hoje, por acaso, a pedido de uma amiga, saí procurando esse texto entre alguns antigos. No percurso, me reencontrei com muita coisa que tinha escrito há tempos, coisas de que não lembrava, e foi uma nostalgia gostosa relembrar de tudo.

Este poema, em particular, era um que tinha caído no meu esquecimento. Quando a tal amiga o mencionou, cheguei a dizer que nunca tinha escrito nada naqueles termos, ou com aquele conteúdo. Passei o link do meu blog antigo e ela mesma o encontrou. E como foi bom ler de novo! Foi como a experiência de um leitor externo, que descobre algo novo, sentindo na leitura uma ligação, uma identificação que, não fosse óbvia, pareceria bastante curiosa, até porque ele traduz muitas coisas que estou sentindo novamente hoje, ainda que de um jeito um pouco diferente...

Enfim... por causa de tudo isso, achei que deveria postá-lo novamente aqui.
Assim como pretendo postar alguns outros desses que encontrei também, em breve.


A droga da ausência não te afasta
Você está aqui,
Perto,
Junto,
Colado.
Posso ouvir a tua respiração perto de um jeito que sempre desejei, sem saber...
Dói saber que não há lembranças...
Dói o arrependimento de não ter te posto na parede,
Dói sentir que nunca estivemos juntos
(Não como deveria ser para que realmente fosse).
Hoje te lembro
E te acho na tua ausência...
Tua presença imaterial mais uma vez me desconcentra
Desconcerta...
Olhar para o sorriso alheio (que é sempre teu)...
Presença torturante e viciante,
Bebida amarga,
Álcool bom...
(E aqui estou eu outra vez, com meu discurso de poeta boêmio,
Só que pra falar a angústia que dá
De lembrar do que nunca aconteceu...)
Quando te verei de novo?
Quando, outra vez,
Esquecerei do mundo pra me derreter ao teu sorriso tímido
E ao teu balançar de cabelos?
Ousarei confessar o que só agora compreendo?
E você, me perdoará por ter te feito o meu pecado
E o meu sagrado?
Crises...
Crise por ter-te sempre perto
(Memória do que não houve,
E arrependimento do que talvez não será)...
Crise por ter-te perto na angústia,
Angústia por querer-te ainda mais perto,
Só que em carne, corpo,
Sangue, alma...
Tudo o que tivermos a dar...

24/03/2009

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

voa, meu passarinho...


— Eu queria saber uma coisa muito importante. O senhor é capaz de cantar sem estar cantando?
— Não estou entendendo bem.
— Assim — e cantei uma estrofe da Casinha Pequenina.
— Mas você está cantando, não está?
— Pois aí é que está. Eu posso fazer tudo isso por dentro sem cantar por fora.

Ele riu da singeleza mas não sabia aonde eu queria chegar.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Complexidade # 42


Da minha janela dá pra ver um monte de passarinhos voando, e eu estou aqui invejando a liberdade deles. Talvez seja a coisa mais clichê que se possa sentir e escrever, a sensação mais repetida de todas as poesias já feitas no mundo, mas é um clichê daqueles carregados de sensatez...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Complexidade # 40



Estou tomado por uma euforia tão grande e tão repentina que me pergunto se, algum dia na vida, sentirei um surto de felicidade tão grande quanto esse que tenho agora... a música que eu ouço faz todo sentido: pensa num cara que anda feliz pra cachorro, mas assim um cachorro pra lá de feliz, raro de se ver... pensou? Pois é... Tô assim desde que te vi, menino.

Ou, eu diria, neste caso, desde que te enxerguei, te descobri de verdade, entendi num momento inspirado o teu significado: você me fez descobrir que o amor tem esperança, menino... Coisa que é até simples de dizer, mas que é grande de significado, especialmente pra mim, que vivo a vida inteira com o único medo de me sentir só... Descobrir que o amor tem esperança, menino, é lavar a alma com um banho de alegria.

E depois disso, quero ver quem vai me impedir de sorrir...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Complexidade # 39


Pouca gente soube, pouca gente sabe, mas eu já tive muitos nomes.

Algumas vezes nomes meus, que me surgiram na cabeça como identidades múltiplas dentro do mim (ou nomes que eu dava àquelas identidades que estavam aqui e eu não queria que fossem minhas – ou que de algum modo não podiam ser minhas). Outras vezes, nomes alheios, nomes carregados de identidades fortes e sentimentos com os quais eu sempre me identifiquei, nomes que tomei a liberdade de usar pra me explicar, como se fossem nomes meus.

Gabriel, Ana, Cloe, Bernardo, Tomas, Teresa, Sabina, Beatriz, Ique, Duda, Ricardo, Álvaro, Alberto, Tiago, Camilo, Miguel... Apesar da sensação corriqueira de nunca sido nenhum deles, fui todos... E de cá, do lugar pretensioso onde vive minha mania de poeta, paro e penso que talvez tenham sido todos eles os nomes do meu próprio nome, como um modo (já antigo, até) de marcar na minha memória o romântico incurável que sempre fui, apesar de nem sempre parecer...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Complexidade # 37


É muito estranha essa sensação de que eu não vou conseguir te olhar.
Te olhar, ou ouvir a voz, estar com você em qualquer lugar... sensação estranha de que eu não vou poder de modo nenhum lidar com a sua presença em qualquer lugar que seja, em nenhuma situação que se imagine... sensação terrível de que não vou conseguir te olhar...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

haicai # 11


Peguei aquela tua roupa emprestada,
E exagerei no perfume de propósito...
Pra garantir que você lembre o meu cheiro como eu vou lembrar o seu.

segunda-feira, 12 de março de 2012

sábado, 10 de março de 2012

Complexidade # 36


De repente eu tive vontade de escrever uma história de amor.

Não que tenha sido uma vontade de verdade: não quis mesmo pegar o papel e escrever, ou não consegui, talvez por falta de um enredo que fosse válido o suficiente para agora, ou talvez porque os enredos válidos que tenho aqui guardados comigo, eu os quisesse deixar para outra hora. Não escrevi, e talvez não escreva. Ou talvez eu escreva, mas isso tanto faz.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Desabafo # 4


Estava tudo muito bom.
Não que não continuem sendo boas as coisas que estavam sendo boas hoje...
Mas parece que algum incômodo tinha que vir... entende? Não um qualquer, mas um desses que tira o sono que já está raro.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Complexidade # 35



Nem tanto nem tão pouco.
O excesso me sufoca, me deixa confuso, porque é sempre muita coisa que eu não consigo analisar, coisa de mais para que eu consiga sintetizar, organizar, pensar.
O vazio, por sua vez, me cansa, me entedia. No vazio, a única coisa que me resta é pensar.

E estou me sentindo meio tomado por vazio ultimamente.
E pensando. Pensando muito. Pensando.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Descarrega.

Da série de contos Diários em terceira pessoa.
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.




Ele precisava de algo a que se apegar.
Apenas escolhera o lugar errado.

Jogou-se na festa, no meio da bebedeira, da loucura (não se arrependeu), e pegou todos os caras lindos que quis e aos quais quis se apegar. Eles sumiam. E quando menos esperava, esbarrava com eles pendurados em outros pescoços.

Começou a ser ridículo.

- Olha, quando você estiver cansado de me beijar, me avisa, tá? Não vou ficar com nenhum ressentimento.
- Relaxa – respondeu, rindo, o terceiro cara da noite.

5 minutos.

- Posso ver se encontro um amigo? – perguntou o terceiro cara.
- Quer que eu vá contigo?
- Não precisa.

Sumiu também.
Mais 5 minutos, uma caminhada pela pista e lá estava o terceiro cara – com o seu próprio terceiro cara. Outro cara.

Ele sentiu mais uma pontada de recalque e terminou a sua bebida. A última daquele dia.

***

PS.: O autor pede para avisar que não esteve sóbrio ou com saco suficiente para pensar num final feliz. Assim sendo, apenas conforme-se, desgraçado leitor que nunca leu Pessoa ou Machado.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Na minha cama ou na sua?

Da série de contos Diários em terceira pessoa.
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.


- Gente, já são quase 5 da manhã...
- Eu tava pensando isso agora... sem roubar meus pensamentos, tá? Obrigado.
- O que você faria com os meus pensamentos se os roubasse?
- Peraí... você vai roubar os próprios pensamentos?
- Oi? - ele riu. Acho que você não me entendeu. Perguntei o que você faria com os meus pensamentos...
- Entendi errado, desculpa... pensei: "ele vai roubar os próprios pensamentos, como assim?"
- Mas refletindo aqui, acho que essa seria uma excelente questão...
- Qual?
- O que eu faria com os meus pensamentos se eu mesmo os roubasse?
- Nossa... faria o quê?
- Acho que eu os organizaria...
- Seria bom, não?
- Talvez. Mas eu acho que em vez disso eu devolveria pro lugar... pra não correr o risco de fazer alguma merda maior ainda. Né?
- Que merda você acha que poderia fazer dando uma organizada neles?
- Toda organização envolve um parâmetro de organização. E parâmetros estão susceptíveis a erros. Sem falar que pensar um parâmetro já seria um novo pensamento.
- Você pensou tudo isso às 5 da manhã?
- Vamos dormir, né? Tô viajando demais, já...
- Vamos... – respondeu, com um riso doce.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Complexidade # 34


Precisava escrever hoje, não sabia bem o quê.

Precisava porque a cabeça está cheia... um monte de coisas que eu ainda não tive condição de processar, mas que estão aqui, martelando surdamente, pesando em cima do pescoço e me provocando dor no estômago (merda, esqueci de tomar o remédio).

Precisava porque tenho uma boa quantidade de fichas por cair... e quero ver se alivio alguma coisa desde agora, mesmo sem muita certeza, pra ao menos evitar o desequilíbrio completo, caso elas resolvam cair todas ao mesmo tempo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

haicai #8


Nessas horas bate uma saudade que acho imprópria,
Carnal, despudorada...
Mas que não consigo não sentir quando te lembro.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Um ano que vai, levando outros três...



Estou há bastante tempo adiando a minha despedida de 2011.
Não sei bem o porquê.

Sei que o ano foi embora, e eu estou aqui ainda, meio mudo apesar das milhões de palavras circulando na cabeça. E não queria deixar de fazer esse balanço. Porque 2011 foi um super ano: extremo, dolorido e feliz, e principalmente porque o fim dele pra mim significa mais que a ida de um ano. Significa a ida de um ciclo.