terça-feira, 4 de setembro de 2012

Complexidade # 40



Estou tomado por uma euforia tão grande e tão repentina que me pergunto se, algum dia na vida, sentirei um surto de felicidade tão grande quanto esse que tenho agora... a música que eu ouço faz todo sentido: pensa num cara que anda feliz pra cachorro, mas assim um cachorro pra lá de feliz, raro de se ver... pensou? Pois é... Tô assim desde que te vi, menino.

Ou, eu diria, neste caso, desde que te enxerguei, te descobri de verdade, entendi num momento inspirado o teu significado: você me fez descobrir que o amor tem esperança, menino... Coisa que é até simples de dizer, mas que é grande de significado, especialmente pra mim, que vivo a vida inteira com o único medo de me sentir só... Descobrir que o amor tem esperança, menino, é lavar a alma com um banho de alegria.

E depois disso, quero ver quem vai me impedir de sorrir...


Peguei no papel para escrever sobre o passado... nos últimos dias, andava com sensação esquisita de que o Tempo começava a me presentear com uma ou outra coisa antiga, memórias e pessoas, nomes, sensações... Achei pertinente. Agradeci.

Tô num momento conturbado da vida. Aquela aposta que eu fiz lá atrás deu em nada, me negaram tudo que eu achei que fosse ter... equilíbrio, maturidade, segurança, entrega, cuidado... tudo que pensei que fossem me dar, me negaram. Não foi bom. Sofri uma vez, me recuperei, me permiti renovar as esperanças, apostar um pouco mais... e me jogaram no lixo outra vez. Coisa que não se faz com a esperança de ninguém. Mais uma decepção por esses meus descaminhos... e outra vez me senti tentado a desacreditar do amor, me perguntando se algum dia eu conseguiria ser feliz, com o meu príncipe imperfeito e sem cavalo. Fatalista, mas é normal.

Aí achei pertinente o tempo ter me aparecido com coisinhas do passado, justo nessa hora. Foi bom pra reorganizar... Resgatar o ritmo comum das minhas coisas, lembrar desejos que eu tinha deixado pra trás, revisitar sonhos, redescobrir o meu nome. E de um jeito bom que eu ainda não entendi, esse passado que veio te trouxe misturado também. De mansinho, à sua maneira, certamente sorrindo bonito, reaparecendo de repente quase que por acaso, de um jeito que eu não tinha parado pra enxergar até hoje, me confessando um sonho em que eu era melhor do que eu sou.

Lembrei aquele pedaço de bolo partilhado entre sorrisos, sentindo o vento que batia naquele lugar afastado, que mais parecia um palco grandioso, com uma plateia que não nos via – nós sim, podíamos admirá-la, falar sobre ela e, quando quiséssemos, viver diante dela o nosso espetáculo, sem que ela soubesse... Lembrei a roupa emprestada que virou haicai, o beijo trocado em recanto proibido, profano e sagrado... Lembrei a cumplicidade surgida, o carinho trocado, tanta coisa bonita e sincera que, se você lembra bem, surgiu quase do nada...

Tive esperança, menino...
Tive sorriso e esperança...

Esperança de que ainda possa haver caminho pra percorrer sem que qualquer desafio torne tudo difícil demais. Sem muita crise provocada, passo a passo, um por vez, pé no chão. Esperança de que ainda possa haver carinho e cuidado, de que gostar ainda seja uma chance – e, principalmente, esperança de que ainda haja chance de gostar...

Quis amaldiçoar essas coisas todas que nos separam agora, e acabar com elas para poder correr e te dar um abraço... e quase fiquei triste por não poder nada disso, mas a euforia de sentir a liberdade de sentir me tomou tanto que nada segurou a minha crise de sorrisos... Só consegui então te mandar aquela mensagem à distância em que tentei te dizer o quanto você é lindo, sem saber bem se eu consegui...

Despejo no papel um tanto de coisas que não sei bem o que serão, mas que estão carregadas daquela alegria desmedida que dava nas vezes em que a gente se olhava fundo. Aí queria ter também a esperança de poder te olhar mais vezes, só que nessa hora a vida me puxa de volta pra baixo dizendo que não é bem assim que dá pra ser.

Curiosamente, não estou tão preocupado, como eu provavelmente ficaria.

Não ainda.
Ainda não estou achando injusta a sensação de não poder viver essa coisa bonita, que é outra coisa que podia logo logo me fazer desacreditar de tudo de novo, inconformado.

Mas não, não ainda.
Por enquanto, quero só desfrutar, tranquilamente, a felicidade de gostar sem nem um pouco de medo de gostar. Esse gostar gostoso que você tem me despertado, menino.

Um comentário:

  1. "quero só desfrutar, tranquilamente, a felicidade de gostar sem nem um pouco de medo de gostar. Esse gostar gostoso que você tem me despertado..."
    to nessa!haha. lindo texto(:

    ResponderExcluir