sexta-feira, 4 de maio de 2012

Complexidade # 37


É muito estranha essa sensação de que eu não vou conseguir te olhar.
Te olhar, ou ouvir a voz, estar com você em qualquer lugar... sensação estranha de que eu não vou poder de modo nenhum lidar com a sua presença em qualquer lugar que seja, em nenhuma situação que se imagine... sensação terrível de que não vou conseguir te olhar...


Bate uma angústia cá de dentro, enquanto fico me perguntando sobre o que passa na tua cabeça. Aí fico com essa sensação esquisita, imatura quase, de que não vou conseguir ver tua cara ou encarar os seus olhos enquanto não tiver nenhuma certeza sobre essas coisas loucas entre a gente... Sabe aquela minha mania de achar que todos os sinais estão sendo enviados pra mim? Aquela minha mania de perseguição... minha mania de fritar, de querer saber, de desesperar e não esperar... Sabe? Eu não conseguiria lidar com isso se te encontrasse qualquer hora, sem saber certinho do que você sente...

Fico cá ouvindo os meus medos e inseguranças de sempre me ameaçarem sobre o risco de você não me querer mais, ou sobre o medo mais ameaçador ainda de você resolver ficar com outra pessoa. E até, vez ou outra, me alfinetarem com a angústia sobre o que eu vou fazer pra ser a pessoa que você quer e merece, caso você decida estar comigo – para fins de retórica, romantismo e segurança, eu poderia até dizer que tenho certezas neste ponto, mas não gosto de mentiras, e mesmo que gostasse, você saberia que as coisas não são bem assim.

Lido ainda com a angústia dessas minhas inconstâncias que nem eu entendo, que me incomodam também, e com o quase consequente medo de te ferir de novo e acabar vendo acontecer a coisa que eu menos quero nisso tudo, que é te perder...

Malditos medos que só me vêm agora...

Deveria ter pensado antes na possibilidade de você cansar qualquer hora, pra que eu me desse conta da vontade de te segurar pra mim, vontade que estava aqui mas que acordou atrasada... Deveria ter deixado de lado a quase prepotência de agir como seu fosse te ter eternamente, pra quando eu quisesse... Deveria ter me dado conta de que enquanto eu estava lá, parado no tempo dos meus universos paralelos, a vida estava aqui, andando pra você, que começava a andar também – e sem mim, já que eu não estava por perto.

Fico sentindo impotência por não ver nada mais que fazer a não ser esperar – e mesmo que eu visse algo a fazer, não sei se deveria, questão de espaço. Me resta o ímpeto de xingar silenciosamente milhões de palavrões falsamente desangustiantes, e conter a vontade de bater em mim mesmo pelo tanto de merdas que eu fiz.

Pensei em descontar nas paredes, jogar tudo no chão, mas não pretendia acordar os vizinhos. Depois pensei no travesseiro, que faria menos barulho, mas aí veio você de novo, na lembrança boa do carinho daqueles dias à distância, em que eu abraçava apertado o tal travesseiro, sabendo que ao mesmo tempo você apertava o seu também, como se estivéssemos um abraçando o outro, sentindo a distância ser consolada na telepatia. Coisa brega, tão bonitinha... e eu ria descontroladamente, numa alegria descontrolada também...

Talvez seja tarde pra dizer, mas não quero perder isso.
Talvez eu até já tenha perdido, e a merda é lembrar que eu precisaria entender o porquê... mesmo que eu não queira.
Talvez seja necessário perder, pro bem da gente... mas eu definitivamente não quero.
Não quero.

E aí fico na sensação estranha de não conseguir te olhar.
Porque cá, na minha insegurança, cada vez que te olho, lembro que corro o risco de perder o que não quero perder, e fico triste...

Pensando comigo, será vai ser assim até que eu saiba do que será disso tudo?

Um comentário:

  1. Que lindo! (:
    adorei seus textos!
    minha amiga Jucilene que
    me contou do seu talento,rsrs,
    achei o máximo!
    Continue assim... sucesso! ;*

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