terça-feira, 18 de maio de 2010

Complexidade # 22

Ensaio "Desapego" - Daniel Aratangy

Não consigo compreender as normas éticas (ou a falta delas), os sinais.
Não consigo perceber se há sinais.

Me descobri inseguro. Tive certeza, na prática, na carne, na verdade. Raciocinei enquanto beijava. Racionalizei depois do beijo. Descobri que meu “id” não funciona. Não sei como lidar com isso. Por vezes quero ir, inconsequente, poder “fazer alguma coisa”, tornar as coisas divertidas, preocupar-me com a castidade renovada dos meus momentos nada castos. Quero saber olhar no fundo, falar no corpo como quem convoca, sem segundas opções, quero trazer pro meu espaço, e fazer-fazer o que eu quiser fazer. Por outras, gosto de não fazer, gosto mesmo de que o "id" não funcione, de que o ímpeto não funcione, não sei se quero fazer funcionar.

Não tenho atitude, não sei jogar.
Não quero que seja um jogo.

Quero apenas que o rumo das coisas leve as coisas, quero a intensidade do tempo correndo, passando, enquanto passam as mãos pelos recantos que vierem a mente. Quero a exploração sem pudores, no ritmo em que as coisas forem, até o ponto em que as coisas forem. Quero confiar nos cheiros, na animalidade dos instintos inerentes até mesmo aos amores, nos seus momentos vorazes. Quero um pouco mais de calor, de não consciência, de inesperado.

Quero muito, quero demais.
Mas não me pergunte o que eu quero.

Só sei me dar limites. Sei me libertar quando sozinho, quando os riscos afetarão só a mim mesmo. Na companhia, me entrego, mas não sei pra onde, pra que lado, o que fazer. Então não pergunte, leve-me para onde quiser, me puxe pelo braço, faça, me movimente, me pegue e tome a atitude, não me espere.

Vá sem medo até onde eu te pedir pra parar.
E vamos ver se eu vou te pedir pra parar.

...

Um comentário:

  1. Escrever é um ato de castidade, não se preocupe...
    Quanto o amar....este, aprende-se pecando mesmo, mas depois, é possível que surja um pedaço de ato penitencial nas nossas vidas, enviados pelo próprio Deus que também amou, namorou, beijou desmedidamente e escreveu os Cânticos dos Cânticos...
    Adoro você...doce de coco! rsrs
    Continue praticando sua castidade complexa!

    ResponderExcluir