segunda-feira, 12 de abril de 2010

Bem vindos a 2020 - Complexidade # 173

Antes de qualquer coisa, uma justificativa: esse texto é fruto das vivências sagradas ao lado da juventude, do grupo de jovens, da minha pastoral. Dinâmica puxada no encontro de ontem, lá num 2010 que do nada virou 2020. Inventaram isso para puxar algumas discussões interessantes, sobre a Semana da Cidadania deste ano (e não sei mais qual ano é qual...). E como é de costume, extrapolei as fritações. Haha..





De repente, estou em 2020. Muito de repente, passaram dez anos...

Comassimbrasil? A crise dos 30 me parece muito mais desesperadora do que a dos 20 que me ataca agora... haha..

São milhões de perguntas: o que faço da vida, onde trabalho? Fiz outra graduação mesmo? Fiz o mestrado que eu quis, o doutorado, conheci a França? Casei, tenho filhos?
 


Como andará a violência dos tempos futuros? Muitos jovens morrendo ainda, ou mais voz, mais vez e menos Globo? Quantas lutas a minha pátria juvenil venceu nesse tempo, quantas ainda estão por ser travadas?
Em dez anos, quantos sonhos eu terei buscado? Quantas palavras que eu quis poderão ser pronunciadas em poesia cotidiana, em companhia de cozinha? Quantas esperas eu esperei?

Busco as respostas dentro da minha cabeça, os sonhos que imaterializam os primeiros passos disso que acho que quero para as minhas histórias de muito depois (ou nem tanto, às vezes basta sonhar para amanhã de manhã).

Guardo milhões de desejos talvez impossíveis (um amigo arcebispo, outro papa, outro presidente - o mais novo da história)... Enquanto tudo mais são outros milhões de sonhos carregados de esperanças sobre a forma como andará a minha vida em tempos nem tão futuros...

Penso nos próximos dois anos: mestrado ou Letras ao fim deles?
Penso nos próximos cinco, seis anos... Trabalhar onde? Onde morar? E a PJ, pra onde vai nessas idas e caminhadas que ainda não sei como serão? Como conciliar tantas prioridades, como hierarquizá-las sem deixar para trás tantos esforços feitos, tantos processos vividos, tantas pessoas? Como estabelecer bem aquilo que é prioridade assim, de verdade?
Penso nos oitos anos próximos, mas ao fim deles terei mesmo o menino dos meus olhos iluminando a minha vida a cada manhã, planejando comigo mais um membro de felicidade pra ser incorporado talvez em 2021?

Estou confuso, porque o tempo é relativo, pode nada e muita coisa acontecer ao mesmo tempo, tudo junto, tudo misturado... posso ter tempo suficiente para construir outros amores, posso bruscamente perder a paciência que ainda me resta tão excessivamente, posso não ter tempo suficiente para viver as fases que também eu preciso viver, pode haver tempo para uma única certeza ser construída (ou desconstruída, depende do ponto de vista), e pode haver tempo para que as formas todas de entender tudo mudem...

Ao mesmo tempo em que brotam assim, estalando dedos, há transformações que são muito históricas... das maiores às mais particulares, de mim e da minha “biografia” tão alheia.

Estou dividido, louco perdido nessa grande contradição, indeciso sobre atender à necessidade de construir uma caminhada (pensando nas coisas como acho que devem ser) e, por outro lado, o medo de saber demais o que se quer e acabar perdendo de vista as outras tantas possibilidades tão maravilhosas que se abram ao redor. Confuso sobre como agir agora, na consciência de que nem tudo será como planejado, e na certeza de que alguém pode me convidar a adentrar em outra esquina, no meio do caminho que sempre tem uma pedra.

Não estou confuso por reconhecer que as contradições existem tanto, mas ando extremamente pirando sobre como conviver com elas, como agir frente a elas – conflitos metodológicos na vida, e é preciso parar de ser sistemático...

Fritei. Máquinas do tempo podem não fazer tão bem... ao menos, sacodem a gente.Acorda agora, menino.


madrugada de 12 de abril de 2010... ou 2020, sei lá..

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