segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Complexidade # 32


Esta é uma carta que eu não gostaria de escrever. Se escrevesse - como estou escrevendo agora - é certo que não a enviaria. Apenas me serviria - como está me servindo agora - para expressar um desabafo, e para ser uma tentativa de organização dessa loucura que está a minha cabeça por esses dias. Especialmente com relação a você.

Andei pensando muito em mim, pensando em como as coisas estão acontecendo, e foi quando me dei conta de que voltei àquelas minhas fases de excesso de coisa acontecendo, aquelas fases em que tudo o que eu quero é um lugar pra onde fugir.

Ou para dizer melhor: tudo o que quero, com toda força, com quase desespero, é uma pessoa para quem fugir...

É depois de muito tempo que volto a falar de carência. Não sei se havia superado isso, não sei se sentir falta de você me fez me sentir carente, não sei se é o meu desespero enlouquecido em que não tenho tempo para nada nem ninguém, nem nada nem ninguém tem tempo nenhum para mim... já passei por isso tantas outras vezes, não me acostumei, e certamente não me acostumarei nunca...

Mas parece que você tem agravado tudo isso em mim nos últimos tempos.
Porque, se em alguns poucos momentos você dá o mínimo sinal [de esperança] de que está disposto a estar comigo por um segundo que seja - e nestes momentos eu me jogo completamente -, nos instantes imediatamente posteriores está lá você, sumindo outra vez. De novo. O mesmo exercício de vir, despertar, deixar de lado, a mercê das vontades... Como se não soubesse que tenho aqui guardado até mesmo um quê de sofrimento, como se não passasse pela sua cabeça a minha saudade, como se o jeito sem graça com que te olho nos poucos encontros que temos não fizesse a menor diferença...

O que sempre quis com você foi um compromisso.

Não desses compromissos marcados pelo conceito. Não um namoro, não um casamento, não uma amizade, não uma inimizade. Conceito nenhum. Nenhuma classificação. Queria o compromisso de quem se importa. Queria um comprometimento. Queria que pudesse me ver, e cuidar de mim um pouco - ter cuidado comigo, pra não me quebrar, se sou realmente importante. E se não sou, que tivesse o compromisso de não se comprometer - que fosse sincero, que me disesse tchau e sumisse completamente.

Se não puder me cultivar, não me cative. Era assim mesmo, a filosofia?

Isso não é uma revolta, nem um rancor, nem um desgosto, porque eu simplesmente não consigo não gostar de você. Por mais que eu tente te ignorar a cada vez que o tempo vem de novo brincar comigo e faz com que a tua cara bonita apareça em todo canto, como se o meu olhar te procurasse. Por mais que eu tente ser sensato e te excluir de vez da minha vida. Por mais que eu me esforce, não consigo. E é por não conseguir que a minha esperança se renova toda vez - e nem é esperança que espera por sentimento mais, é só esperança que espera por cuidado de verdade. Mas toda vez decepciono... toda vez vem tudo de novo.

Amargurado isso, não?
Pois é. Detesto todo esse desabafo aqui. Esta é uma carta que eu não gostaria de escrever.

Mas preciso, nem que seja assim, atirando qualquer palavra no vento...

Ai, menino...
I hope you see that I would love to love you...

2 comentários:

  1. Você e essa sua capacidade de transcrever o que sinto. Lindo!

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  2. parabens cara...num perde esse don naum pq vc escreve otimamente...

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