Da série de contos Diários em terceira pessoa.
Uma tentativa de literatura. Por que nenhum deles é real. E nenhum deles é fictício.
Ele precisava de algo a que se apegar.
Apenas escolhera o lugar errado.
Jogou-se na festa, no meio da bebedeira, da loucura (não se arrependeu), e pegou todos os caras lindos que quis e aos quais quis se apegar. Eles sumiam. E quando menos esperava, esbarrava com eles pendurados em outros pescoços.
Começou a ser ridículo.
- Olha, quando você estiver cansado de me beijar, me avisa, tá? Não vou ficar com nenhum ressentimento.
- Relaxa – respondeu, rindo, o terceiro cara da noite.
5 minutos.
- Posso ver se encontro um amigo? – perguntou o terceiro cara.
- Quer que eu vá contigo?
- Não precisa.
Sumiu também.
Mais 5 minutos, uma caminhada pela pista e lá estava o terceiro cara – com o seu próprio terceiro cara. Outro cara.
Ele sentiu mais uma pontada de recalque e terminou a sua bebida. A última daquele dia.
***
PS.: O autor pede para avisar que não esteve sóbrio ou com saco suficiente para pensar num final feliz. Assim sendo, apenas conforme-se, desgraçado leitor que nunca leu Pessoa ou Machado.