terça-feira, 28 de setembro de 2010

Complexidade # 27

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As tuas asas nas minhas mãos - Paulo César

Estou com alguma sensação de liberdade. Não sei se é bom, isso é o pior. Parece que andei surtando tanto, tão a mil por hora, que agora, em que pareço ter um pouco mais de ar, o ar me intoxica, me deixa em alguma embriaguez estranha... fico inerte a todas as coisas, sigo minha rotina como se ela tivesse uma rota própria, em que não penso, simplesmente faço sem dar sentido a qualquer coisa que esteja acontecendo.




Não consigo me apegar a qualquer coisa que aconteça. É uma verdade que já me preocupou, mas que agora parece se configurar em um quê de leveza que, não fosse pela carência que vem junto, seria muito boa.

Carência. De novo falando nisso.

E parece ir ficando mais claro que não sei lidar com ela. Na verdade, nem sei se chego a essa conclusão por mim mesmo, mas talvez por essa máxima sobre mim, que ouço ao menos uma vez no dia, sem compreender bem se são os outros que não compreendem ainda a minha cabeça, ou se eu quem ainda não percebi se há alguma coisa errada.

Caminho tão volúvel, impulsivo, breve. Me viciei em ser efêmero - de repente me vem uma risada autoirônica, porque houveram momentos em que isso não era uma lamentação. Estou em crise ética sobre as minhas próprias éticas? Se eu conseguisse entender, definir o que são elas, talvez eu mesmo conseguisse responder. Simplesmente fiz em minha própria cabeça um turbilhão de divagações e filosofias, idas e vindas, de um jeito que agora estou perdido entre os fios dos novelos, sem conseguir costurar nada, nenhuma conclusão sobre as coisas para que eu possa dizer pra onde eu mesmo quero ir.

A minha sensação de liberdade aos poucos vai parecendo mais um desprendimento de quem está perdido. E melancólico demais, é fato (e isso me faz ir cansando desse texto... não quero concluir minha própria fossa, para não me sentir afundando mais nela).

Vou encontrar alguma coisa que me destraia, me esforçando para que não seja apenas mais uma companhia breve - contanto que me faça bem sendo assim.

Contanto que me faça bem.

28/09/2010, 17:22

***


Caso hajam, perdoem as faltas de nexo e coerência espalhadas por aí. Ao contrário dos outros, foi um texto que preferi não revisar. Só postei para que eu mesmo possa voltar aqui outra hora e lembrar do que quis (e não quis) expressar o meu fluxo de (in)consciência.

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